quinta-feira, novembro 29, 2001

há quem roa as unhas. conheço algumas pessoas crescidas que as roem para além do sabugo. ficam com as mãos feias. quando seguram num lápis vê-se as unhas roídas. não devem ser grandes mãos para fazer festas. eu não roo as unhas. mas fumo. tenho de lavar as unhas e os dedos e os dentes, muitas vezes e muito bem lavados, para não ficarem manchados. mesmo assim ficam. paciência. eu gosto de fumar, mesmo que morra disso. só cigarros fortes, português suave sem filtro, lucky strike, gauloises, brandaris de enrolar. gosto do gosto e da nicotina.

domingo, novembro 04, 2001

este é o meu filho mais novo.
castelo da lousa
não é tanto o castelo. é o guadiana e as lajes de granito com cágados enormes a apanhar sol. os aloendros. os pássaros que se ouvem de todos os lados. os ecos dos pássaros, mais pássaros. os reflexos das lajes, outras lajes. ontem não havia cágados nem grandes reflexos, enfim, estamos em novembro e o rio vai cheio. os aloendros não tinham flor, mas tinham os frutos compridos, vermelhos escuros. e havia pássaros, ecos de pássaros, mais pássaros. peixes.
fui despedir-me do castelo da lousa (vai ficar debaixo da albufeira do alqueva). o que vai acontecer aos cágados? será que vão ser apanhados pela água enquanto hibernam? trouxe um ramo de aloendro. está metido numa jarra para ganhar raiz. pode ser que o vá devolver ao guadiana daqui a dois anos. se sobreviver posso plantá-lo outra vez ao pé da aldeia da luz nova, na margem da albufeira.