quarta-feira, outubro 31, 2001
às vezes acordo e o dia é diferente. as mesmas coisas parecem ter mais luz, mais cores, mais espessura. levantar, lavar, comer, fumar, sair de casa, tomar café, comprar cigarros, apanhar o elétrico. foi tudo como na véspera, como vinte dias antes. as coisas e as pessoas são as mesmas. a diferença vem de dentro. ou talvez seja o tempo mais fresco, e a luz de outono que muda a luz das coisas, e hoje calhou estar mais atenta. ao guindaste amarelo. à mancha na parede. à miúda que tira o telemóvel da mochila. à nuvem. à poeira que o autocarro levanta do chão da rua em obras.
domingo, outubro 28, 2001
ontem li. camilo
por cá ninguém nunca conseguiu chegar aos calcanhares do camilo
uma carta ao tomás ribeiro sobre o vinho do porto
genial
e raúl brandão - ainda vou a meio - sobre os açores. as nuvens. os lilazes, os roxos, os cinzentos, os azuis, os dourados, os quase negros. o verde. será que toda a gente vê assim?
por cá ninguém nunca conseguiu chegar aos calcanhares do camilo
uma carta ao tomás ribeiro sobre o vinho do porto
genial
e raúl brandão - ainda vou a meio - sobre os açores. as nuvens. os lilazes, os roxos, os cinzentos, os azuis, os dourados, os quase negros. o verde. será que toda a gente vê assim?
domingo, outubro 14, 2001
terça-feira, outubro 09, 2001
anoitece. o dia foi pesado. trago ainda na cabeça muitas vidas, é assim o meu trabalho. escutar, escutar, falar, observar, sorrir, aconselhar, analisar, prescrever, verificar, verificar, aconselhar, escutar, sorrir, sorrir, escutar. as pessoas são parecidas, as pessoas são diferentes, e assim os seus - meus - problemas. às vezes digo que estou farta de ser médica. não é verdade.
ouvi a conta das bombas de ontem. impessoais. necessárias.
a noite vai ser pesada.
ouvi a conta das bombas de ontem. impessoais. necessárias.
a noite vai ser pesada.
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