ao fazer a consulta com uma interna ao lado aprendo muito. atrasa a consulta. as pessoas esperam mais do que deviam. nunca protestam, dizem que compreendem e sorriem à menina sentada ao meu lado. pela idade podia ser minha filha. tem uma maneira de estar calma, e espera que o/a doente saia para me pôr questões. sempre pertinentes.
ter uma testemunha melhora o meu trabalho? é possível.
sexta-feira, maio 31, 2002
quinta-feira, maio 30, 2002
terça-feira, maio 28, 2002
sempre que penso nela gemo. a esta hora, há um ano, eu estava a agarrar a mais velha que gritava e dava murros na cabeça. fui eu que lhe disse a tua irmã morreu (atropelada na passadeira de peões por um autocarro em marcha atrás. a ana dois, que há 13 anos chapinhava e ria dentro do alguidar da roupa na varanda. a ana um, a minha filha, já lá não cabia).
domingo, maio 26, 2002
TRANSCRIÇÃO DE UNS OLHOS PRETOS E DE UNS SAPATOS DE FIVELA
crianças com toda a tristeza garantida pela vida
por ela consentida e abrangida e afinal
mais presente nos olhos do que o próprio olhar
tristeza tão pesada e concentrada como a pedra
crianças que algum mundo que não este nunca
tão poderosamente poderá matar
numa vida visivelmente ainda surpreendida
por ser coisa pequena embora coisa oposta ao nada
na forma diluída por exemplo de um reflexo do olhar
crianças criaturas que na superfície da infância
sobrenadam submersas crianças mais palavras que conversa
crianças tão confusas que confundem
em seu desprevenido abismo de surpresa
traduzido talvez apenas numas simples duas mãos caídas
quem nesta convenção de braços e relógios
já apenas conserva ainda acesa
a cru capacidade de às crianças consentir
um momento ingressar tão agressivas muito a seu pesar
na vida negação da vida apenas viva no adulto olhar
crianças que conturbam momentaneamente
quem é a morte toda condição de vida
quem é hábito e calma e só no olhar inquietação
crianças referência da infância e inocência
contradição unicamente consenti da
a quem sabe que só a morte é condição da vida
crianças que ao chegar já trazem olhos de partida
crianças causa de perturbação e readaptação
crianças coisas verdadeiramente incómodas até no à-vontade
com que sem bem querer insubordinam a cidade
crianças causadoras de uma certa dor sentida ou pensada
em quem deixou a vida em divididos dias
crianças coisas tão profundas tão perdidas
crianças que traí muito bons dias
ruy belo
fui buscar este poema aqui
crianças com toda a tristeza garantida pela vida
por ela consentida e abrangida e afinal
mais presente nos olhos do que o próprio olhar
tristeza tão pesada e concentrada como a pedra
crianças que algum mundo que não este nunca
tão poderosamente poderá matar
numa vida visivelmente ainda surpreendida
por ser coisa pequena embora coisa oposta ao nada
na forma diluída por exemplo de um reflexo do olhar
crianças criaturas que na superfície da infância
sobrenadam submersas crianças mais palavras que conversa
crianças tão confusas que confundem
em seu desprevenido abismo de surpresa
traduzido talvez apenas numas simples duas mãos caídas
quem nesta convenção de braços e relógios
já apenas conserva ainda acesa
a cru capacidade de às crianças consentir
um momento ingressar tão agressivas muito a seu pesar
na vida negação da vida apenas viva no adulto olhar
crianças que conturbam momentaneamente
quem é a morte toda condição de vida
quem é hábito e calma e só no olhar inquietação
crianças referência da infância e inocência
contradição unicamente consenti da
a quem sabe que só a morte é condição da vida
crianças que ao chegar já trazem olhos de partida
crianças causa de perturbação e readaptação
crianças coisas verdadeiramente incómodas até no à-vontade
com que sem bem querer insubordinam a cidade
crianças causadoras de uma certa dor sentida ou pensada
em quem deixou a vida em divididos dias
crianças coisas tão profundas tão perdidas
crianças que traí muito bons dias
ruy belo
fui buscar este poema aqui
sábado, maio 25, 2002
- talvez faça outro blog
- não terei mais que fazer?
- um blog escuro
- este é escuro que chegue
- um blog privado
- e este, é público?!
- um blog íntimo
- este já é íntimo demais
- em que fale de desgostos, de zangas, de doenças, de mortes, de humilhações, de amores infelizes
- que interessante!
- pensando bem, talvez não faça outro blog
sexta-feira, maio 24, 2002
domingo, maio 19, 2002
uma máquina fotográfica digital não é bem uma máquina fotográfica
é muito mais fácil disparar com ela
estou a brincar desta maneira com imagens, sem a preocupação que tinha com a minha velha spotmatic.
deito fora o que não gosto, guardo imagens provisórias.
mas quem brinca mais com ela é mesmo a ana. nem precisou de abrir o manual de instruções.
aqui, duas imagens de quando ela estava a experimentar tempos de exposição: auto-retrato e eu com o pastor
é muito mais fácil disparar com ela
estou a brincar desta maneira com imagens, sem a preocupação que tinha com a minha velha spotmatic.
deito fora o que não gosto, guardo imagens provisórias.
mas quem brinca mais com ela é mesmo a ana. nem precisou de abrir o manual de instruções.
aqui, duas imagens de quando ela estava a experimentar tempos de exposição: auto-retrato e eu com o pastor
quarta-feira, maio 15, 2002
segunda-feira, maio 13, 2002
sexta-feira, maio 10, 2002
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