há uns dias, protestei com alguém que escrevia na mailing list que ninguém compara um mac com um renault.
"as duas máquinas da minha vida foram a falecida 4L e este iMac"
sempre que pude evitei conduzir
eu não sei se gosto de conduzir
se calhar tenho medo, ou então é por preguiça que não conduzo agora
nunca peguei sequer neste carro
assim não tenho de ir ao supermercado (eu detesto ir ao supermercado)
e sou obrigada a andar a pé
gosto de andar de eléctrico
o trabalho não é longe de casa
quando estou cansada meto-me num taxi
gosto de andar no lugar do pendura e olhar pela janela.
ah... mas as 4L
foram duas. gostei mais da primeira. tinha a suspensão mais dura e nunca atolava. podia meter-se a qualquer caminho. atravessava ribeiros e rolava sobre a areia. carregava lenha ou livros com a mesma boa vontade. mudou-nos a casa mais do que uma vez
eu fui com ela para para vila do bispo. a 4L aprendeu os caminhos de terra e calhau para muitas praias e falésias. fizemos o caminho entre a vila e sagres, eu e a rosa de três anos, muitas vezes naqueles oito meses. entre a vila e a estação de lagos, a buscar e a levar o homem ao fim de semana. eu não ia a lisboa, vinha ele à vila. então, viva a preguiça, quem guiava era ele.
mas era a minha 4L. eu comprei dois autocolantes daqueles amarelos com um sol vermelho a rir, só para poder recortar o A de um deles e pôr no outro: nuclear não OBRIGADA.
comprei a chave de cruz porque era difícil trocar a roda com a outra chave.
a 4L tinha sempre areia no chão, e estava sempre tão coberta de pó que quando às vezes a lavava as pessoas perguntavam se tinha mudado de carro: o meu seria amarelo e aquele era branco.
eu agora não guio. mas ainda me lembro do gozo de conhecer de cor a curva da raposeira, de meter a terceira e acelerar no momento certo.
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